No filme “Tempos Modernos” existe a clássica cena de Charlie Chaplin apertando parafusos em ritmo frenético. É inegável que naquele momento, o personagem estava demonstrando muita habilidade… e mesmo assim, não vencia a máquina… Mas mesmo que conseguisse, será que essa era uma situação desejável? Será que o personagem ficaria mais feliz se ele conseguisse apertar parafusos mais rapidamente, dando conta da alta velocidade da linha de produção? Possivelmente não.

Estamos fazendo essas perguntas porque a habilidade, apesar de ser um tipo de competência que todo profissional deve desenvolver em sua área de atuação, ela não é, de forma alguma, a totalidade da realização do indivíduo. E as empresas precisam de algo além do que alguém que saiba apertar parafusos de forma rápida.

É por isso que ao desenvolver pessoas é importante estar atento a não apenas abastecê-las de conhecimento e transformar o conhecimento em habilidade. É preciso também fomentar a construção de atitudes que sejam traduzidas em posturas transformadoras, inteligentes, éticas e sustentáveis em longo prazo.

Neste artigo, você vai encontrar:

O que são habilidades?

Basicamente, habilidade é o SABER FAZER. Está ligado ao agir. Em outras palavras é o apertar de parafusos, aplicado nas mais diversas áreas. As pessoas podem dominar diferentes níveis de habilidade, nos mais diversos segmentos, dos mais físicos e ligados à coordenação motora (tocar um instrumento musical, por exemplo) aos mais intangíveis e sociais (saber dar um feedback construtivo, por exemplo). As habilidades são o que movem as operações cotidianas e são as que chamam a atenção na hora de recompensar alguém por um mérito atingido.

O que são atitudes?

As atitudes, por outro lado, são as habilidades colocadas sob a ótica da visão de mundo, traduzidas na forma de posturas diantes de cenários complexos. Enquanto a habilidade está focada no AGIR, a atitude responde o PORQUÊ AGIR ou mesmo o porquê NÃO AGIR. Isso faz toda a diferença.

Cada vez mais, as empresas e a sociedade como um todo está inserida em um cenário complexo. Pequenas decisões devem levar em conta o impacto em diferentes áreas. Decidir por um caminho ou outro é fundamental para o sucesso e a sobrevivência do negócio e hoje, essas decisões nem sempre são tão óbvias. Aspectos ligados à responsabilidade social, meio ambiente e um cenário altamente competitivo em empresas exigem do colaborador mais do que a habilidade em si.

Desenvolver atitudes é estimular os aspectos mais elevados do indivíduo, tirando seu foco simplesmente do desempenho operacional e ampliando sua visão para uma visão mais tática e estratégica.

Como fazer a ponte entre habilidade e atitude

A habilidade é algo que depende totalmente da AÇÃO do indivíduo. Seja motora, profissional, social ou qualquer outro tipo de habilidade, estamos falando sobre algo que exija a iniciativa e a ação prática sobre determinado cenário.

Sendo assim, para transformar conhecimento em habilidade, é preciso seguir passos que gradualmente retirem o aspecto teórico do conhecimento e o coloquem no terreno prático da habilidade.

Passo 1 - Amplie o repertório do aluno

Para transformar um indivíduo que já possui habilidade em alguém com novas atitudes, é preciso ampliar sua noção de mundo. Apenas com mais elementos no ‘palco’, ele poderá ver a sua atuação de forma sistêmica e integrada com algo maior. E aí surge a oportunidade de se desenvolver atitudes corretas. Quais são as entradas, saídas e correlações existentes em torno de sua atividade? Como era feito antes? Como é feito agora? Como poderia ser feito melhor no futuro?

Passo 2 - Estimule o propósito

Demonstre casos positivos no uso da atitude correta. Vá além dos ganhos imediatos, demonstre os efeitos de longo prazo e como a habilidade aplicada com a atitude certa dará frutos positivos. Isso pode ser feito demonstrando o resultado de suas ações e o papel de suas atividades dentro da sociedade, no meio ambiente e, se aplicável, na construção de um mundo mehor.

Passo 3 - Dê tempo ao tempo

Diferente de treinar uma habilidade, uma atitude pode entrar em choque com valores pessoais profundamente arraigados na cultura do indivíduo. Pessoas acostumadas a serem competitivas podem ter dificuldade de entender conceitos de sustentabilidade, em que por vezes terão que ceder para atender as diferentes partes que serão interferidas pela sua iniciativa. Alguns precisarão de mais tempo e mais apoio para internalizar a mudança.

Conclusão

Atitudes são a competência mais sofisticada a ser desenvolvida. Diferente do conhecimento e de habilidades, ela questiona o PORQUÊ das coisas e isso é valioso. Lembre-se vivemos uma sociedade em que as atividades são cumpridas por máquinas, mas as decisões são tomadas por indivíduos. Em um mundo automatizado, o propósito e a visão sistêmica passa a ser o peso entre a sobrevivência e o sucesso das organizações.


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Eduardo Leopold

Criativo em aprendizado digital com mais de 15 anos de experiência no setor corporativo. Palestrante e instrutor de ferramentas de autoria, design instrucional e gamificação, atendendo ativamente mais de 40 empresas nos últimos anos.

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